Um bom amante de vinhos é aquele que não deixa o passado morrer. O vinho é a memória dos séculos e também faz parte da história do Homem.
E este vinho estava esplendoroso. Há vinhos que nos surpreendem muito. Que nos colocam a pensar, matérias hoje muito discutidas…
Portugal tem um passado muito rico. Cabe-nos a nós não deixar morrer todas as heranças que nos deixaram.
Face à escassez de informações acerca deste vinho tive a oportunidade de falar com o Professor Virgílio Loureiro e o mesmo afirmou conhecer o vinho, assim como o produtor, e revelar que será de um lote de vinho de chão-rijo.
Deu-me um prazer enorme, um vinho genuíno, brutalmente espantoso e sublime. A rolha saiu muitíssimo bem, sem qualquer esforço, para logo de seguida decantar. Eu desconhecia o estado do vinho, se teria muito depósito, se precisava de tempo para arejar, etc.
Pois bem, todas as dúvidas dissiparam-se imediatamente. Decantei apenas metade da garrafa e desde logo notei que o depósito na garrafa era quase inexistente, a cor do vinho impressionante, os aromas deram logo sinais de si próprios, o vinho mostrou-se sempre vivo e prazeroso, frescura de acidez marcante e elegância final.
Dava um gozo tremendo rodopiar o copo e olhar para dentro…entrava pelos olhos adentro.
Ricardo Soares